ESPAÇO PQ?

Iniciativas que reaproveitam espaços nas cidades

24 de novembro de 2014

Grande Reportagem: O Sobrevivente Cine Drive-in

Com 2 Comentarios

O Cinema que resiste ao tempo ainda encanta gerações com longas a céu aberto

Tudo começa em um carro.
Primeiro as luzes se acendem. É possível ver as estrelas do céu junto com o espetáculo das cenas. O som de abertura ecoa através do rádio do carro. Dois é perfeito e três já é demais, fica desconfortável. Para os amantes dos telões, essa é uma opção para quem gosta de privacidade. Alguns o utilizam para desfrutar do prazer de acompanhar vidas fictícias que sempre (ou quase) terminam com um final feliz. Mas há quem afirme que, devido à tamanha privacidade, alguns se aproveitam para desfrutar de paixões mais carnais.
Desde sua criação, o Cine Drive-in tem despertado paixões em diferentes gerações. A comodidade, o conforto e a acessibilidade são pontos positivos que conquistam um público fiel.
O primeiro Cine Drive-in surgiu em 1933 por causa da reclamação dos acentos pequenos dos Palaces (como os cinemas eram chamados naquela época), feita pela mãe de Richard Hollingshead. E foi então que ele patenteou em New Jersey o primeiro cinema do tipo no mundo. A estreia contou com 600 pagantes, que desembolsaram US$ 0,25 cada um para conferir a novidade. O filme exibido foi uma comédia britânica chamada "Wives Beware".
Já existiram mais de 40 mil só nos EUA, porém hoje restam apenas 370 e somente um no Brasil. O último Cine Drive-in da América latina está localizado no autódromo de Brasília, no coração do país. É a última célula viva para contar a história dos telões brasileiros vistos a partir do interior de um carro.  

Sustentado pelo amor

É da força de vontade de sua proprietária que o cinema se mantém vivo

O Cine Drive-in de Brasília sobrevive pela paixão. Não dos frequentadores assíduos, mas da mulher que passou de bilheteira a dona no decorrer de 40 anos de história. Marta Fagundes, 50 anos, é o nome dela. E sua história de vida se funde e se completa com a história do último Cine Drive-in ainda ativo na America Latina.
Em 1973 nascia, por Paulo Figueiredo  filho do último presidente antes da queda do regime militar, o general João Figueiredo (1979-1985)  o Cine de Brasília. O pai de Marta Fagundes também era militar e foi convidado a gerenciar o local. Um ano depois, a futura proprietária do espaço começou a trabalhar como bilheteira, depois gerente, até se tornar dona ao comprar o cinema e construir uma empresa em 1989. A partir dai, a história entre proprietária e cinema tornou-se uma mescla de amor e negócios. "Eu tenho uma história de vida aqui dentro, poderia dizer que é uma paixão, mas ao mesmo tempo é um negócio. A gente tem de encarar como um negócio, porque você não vive de paixão", afirma Marta.
Histórias são muitas. De romances à bizarrices. Em uma revelação exclusiva, a proprietária contou que um policial civil ingressava com "carteiradas" (uso do distintivo para entrar em locais sem pagar entrada), sempre sozinho. Entrava com um carro de vidro escuro, e logo deixava claro sua intenção: ele era um voyeur. "Ele parava, descia do carro e ficava observando o que as pessoas estavam fazendo", revela a proprietária. Em outra situação, um homem entrou nas dependências do cinema com outra pessoa dentro do porta-malas, para não pagar a segunda entrada.  
Lugares escuros e com segurança chamam a atenção daqueles que procuram um espaço para curtir um momento íntimo. A intenção inicial pode ser assistir aos filmes, mas alguns não resistem à tentação da liberdade que o espaço oferece. “Eu comecei a frequentar primeiramente para assistir os filmes, mas depois eu comecei a explorar alternativas”, conta Daniel, um cliente assumidamente assíduo. Daniel Auler, 22, um jovem como tantos outros, tem uma vida de aventuras e descoberta de novas sensações que talvez somente a juventude possa proporcionar. Descobriu o Cine Drive-in como alternativa para fugir da rotina. Ele não esconde o porquê da sua preferência pelo Cine Drive-in: “O cinema sempre me dava aquela angústia, ansiedade de às vezes falar assim: pô, o filme tá chato, vamos fazer outra coisa? E aí o Cine Drive-in te dá essa liberdade. É como se você tivesse em casa e ao mesmo tempo no cinema”. O Cine Drive-in não é um motel e Daniel não faz dele um local para levar as várias conquistas de noitadas, porém descobriu por trás do lazer de assistir um filme um espaço que proporciona mais liberdade e intimidade para aproveitar o momento com a namorada.
        Entretanto, engana-se quem pensa que o Cine Drive-in é um lugar “só para namorar”. Há aqueles que vão para aproveitar o ar livre e um bom filme, como é o caso da empresária Adelina Dias, de 40 anos, que frequenta o local desde criança. Na companhia dos pais e irmãos, via o local como alternativa para fugir das restrições de uma sala de cinema nos Shoppings. "A família era muito grande, somos seis irmãos, de idades variadas. Como controlar essa turma toda dentro de um cinema? Ele colocava todo mundo dentro do carro e íamos para lá", lembra a empresária que hoje leva a filha e o marido. O sentimento é grande ao falar do local: "Eu espero que ele realmente se mantenha, que não acabe, que as pessoas consigam manter aquele lugar. Eu tenho uma relação de muito carinho, porque ele traz lembranças muito boas. Hoje eu não tenho mais o meu pai, o Cine Drive-in é uma lembrança dele também". E completa: "O cinema é um local muito bacana, imagina você poder ver um filme a luz da lua?"  

O Último Cine Drive-In

Cineasta premiado fala sobre o Cine Drive-in em seu novo filme
 
Imagem reprodução: "O Último Cine Drive-in"
Iberê Carvalho, brasiliense, antropólogo, jornalista e cineasta. Diretor do filme “O Último Cine Drive-in”. Em entrevista, ele contou um pouco mais sobre seu trabalho com o longa metragem e o contato que obteve com o local.

Repórter: Por que o Cine Drive-in?
Iberê: Porque é o último cinema da América do Sul neste formato. Um belo espaço onde o espectador assiste aos filmes livremente.
Repórter: Assistir um filme livremente?
Iberê: Sim, eu posso ir com um amigo, estacionar o carro, ligar o rádio e ninguém vai me julgar.
Repórter: Quem são os frequentadores do Cine Drive-in?
Iberê: Os cinéfilos, amantes, taxistas, cadeirantes, enfim, qualquer um que deseja ver o filme.
Repórter: Mas qualquer um não pode ir a um cinema convencional também?
Iberê: Não. Os Shopping, onde há grande parte das salas de cinema, é por si só excludente. Gente mal vestida não entra, seja pela falta de coragem, seja porque é barrada pelos seguranças.
Repórter: O Cine Drive-in é democrático?
Iberê: E muito! A começar pelo preço do bilhete. Depois, o isolamento do carro inviabiliza a “encheção de saco”.
Repórter: Você guarda alguma memória afetiva do Cine Drive-in?
Iberê: Sim. Uma experiência vivida por toda a minha família durante a minha infância.
Repórter: E isso te motivou a fazer o filme?
Iberê: Não, mas contribuiu sem dúvida.
Repórter: O filme “O Último Cine Drive-in” tem algum recado claro para deixar?
Iberê: Não! Agora, não tenho como negar que todo filme é político, mas, conscientemente não houve a intenção de passar esta ou aquela mensagem.
Repórter: Qual o futuro do Cine Drive-in?
Iberê: Ao certo não sei, mas acredito que um baita projeto de restauração envolvendo grandes empresas poderia revitalizar o espaço e atrair mais gente.

Céu com Cinema                                              

Dois Universitários brasilienses promovem um festival ao ar livre.

Foto reprodução: Correio Braziliense
A estudante de Design da UnB, Maria Eduarda Neves Loes e Fabrício Timm, estudante de Cinema do Iesb se uniram para criar suas próprias sessões em espaço aberto. Céu com Cinema – Festival de Filmes ao Ar Livre foi criado para ser uma sessão democrática e acessível para todos. Todos mesmo! Quem estivesse passando e quisesse dar uma olhada podia, quem estivesse passeando com seu pet também. O cinema ao ar livre tinha custo sim, mas não estipulado por seus organizadores e sim pelo seu público.
Na noite do dia 15 de agosto, o gramado da SQN 207 foi invadido por cangas, cadeiras de praia e espreguiçadeiras que abrigavam olhares curiosos e cheios de expectativas a respeito do filme a ser exibido. O filme escolhido por meio de votação na Fanpage do evento foi “Pulp Fiction” de Quentin Tarantino, um clássico dos anos 90.
O evento que teve grande repercussão deixou um gostinho de quero mais e o ponto de interrogação sobre a próxima edição. Em declaração na página, os idealizadores disseram que por conta do clima imprevisível de Brasília fica difícil saber quando será a próxima exibição, mas expressaram o desejo de continuar levando o cinema para fora das salas.

Desafios Futuros

Indecisão e falta de incentivo do governo ainda são obstáculos à sobrevivência do cinema

         O maior desafio é sobreviver. Sem contar com o apoio do governo ou de qualquer outra entidade, o Cine Drive-in sobrevive graças à dedicação de ferro de sua proprietária e pelo amor e carinho que o público tem pelo local. Há pouco tempo o anúncio da reforma do Autódromo Internacional Nelson Piquet quase colocou em xeque o cinema. O grupo “Urbanistas por Brasília” lançou uma campanha em prol de sua preservação. Um abaixo-assinado com mais de 5 mil assinaturas foi entregue aos distritais para que analisem o Projeto de Lei nº 1.608/2013, que torna o local patrimônio cultural material do Distrito Federal.  
A princípio, o cinema fica, mas ainda não há garantias que ele continue a funcionar. “Estamos buscando novos horizontes, o Cine Drive-in não tem grande capacidade financeira, mas estamos procurando alianças com empresas que tenham condições de arcar com os custos para que o local possa ser revitalizado”, conclui Marta.
O fato é que o Cine Drive-in ainda é uma opção para muita gente, mesmo com o passar dos anos e a tecnologia ter dominado os filmes com efeitos especiais, isso sem falar do 3D. Com tantos avanços tecnológicos, o Cine Drive-in tem o seu charme e continua sendo um refúgio para aqueles que buscam alternativas as salas de cinema tradicionais.
Ao final da última sessão da noite as luzes se apagam, os faróis se acendem, o som do cinema é substituído pelo ronco dos motores dos carros que deixam o local em fila depois de mais uma noite de cinema ao ar livre.
E tudo termina em um carro.


Obrigado, leitores. E até a próxima ;)
Mais informações »

20 de novembro de 2014

Prefeitura quer acabar com Casa do Hip Hop que transformou local abandonado

Com 0 Comentario

Sabemos que espaços culturais são lugares onde a população encontra cultura e lazer.  

Em São Carlos, São Paulo, um local abandonado, que deveria ser centro de Idosos, virou uma casa de Hip Hop. O problema é que a prefeitura pretende destruí-lo. 

Vejam na reportagem abaixo.




Prefeitura quer acabar com Casa do Hip Hop que transformou local abandonado


No último dia 17, a página no Facebook da Casa do Hip Hop Sanca, em São Carlos/SP, divulgou um mandado enviado pela prefeitura para reintegração de posse do local ocupado pela Casa.

Os(As) organizador@s do movimento alegam que a ação é preconceituosa, visto que as autoridades não visitaram o local e nem procuraram saber das suas condições. El@s ressaltam também que a construção, que deveria ser um Centro de Idosos, estava abandonada e era utilizada para o tráfico de drogas e prostituição.

Além disso, houve toda uma transformação em prol da comunidade, com eventos diários de cultura e lazer, além de disponibilização de comida, água, entre outros benefícios.

“Por que o espaço só foi percebido agora? Por que quando o histórico era de assaltos, drogas e prostituição a prefeitura municipal de São Carlos não tomou as devidas providências?”, questionam.
Para tentar impedir a reintegração, que os integrantes da Casa do Hip Hop Sanca acreditam deve acontecer na próxima segunda (7), está sendo organizada toda uma mobilização com mensagens de apoio ao que vinha sendo feito. King Nino Brown e Crônica Mendes, por exemplo, já mandaram seus vídeos defendendo a causa.

Até uma vigília está programada para o próximo final de semana, culimando no dia 7 e na tentativa de resistir à investida policial que pode chegar a qualquer hora do dia.


http://www.vaiserrimando.com.br/prefeitura-acabar-casa-hip-hop-transformou-local-abandonado-centro-cultura/
 





Mais informações »

19 de novembro de 2014

Divina Arte

Com 0 Comentario
 Algo divino está acontecendo em Divinópolis, Minas Gerais, onde um projeto de arte cujo objetivo é a inclusão social e despertamento à cidadania de pessoas normalmente excluídas da sociedade vem sendo desenvolvido.
          Os participantes do projeto trabalham com a noção de dar novo significado à vida, fortalecendo as relações interpessoais.
            Quer saber um pouco mais? Assista o vídeo abaixo.

https://www.youtube.com/watch?v=Ljgk3ts-yRk
Mais informações »

14 de novembro de 2014

Na trilha certa

Com 0 Comentario

No lugar de reclamação, ação! Vejam que bacana o projeto cultural desenvolvido pela professora Sueny Schetino.
Alunos de uma escola pública de Ceilândia mudam suas perspectivas de vida por meio da música.

Vale a pena assistir o vídeo abaixo.

Mais informações »

13 de novembro de 2014

Como se não bastasse ser o país das bikes, Holanda cria agora ciclovias que geram energia limpa

Com 0 Comentario

Quem não gosta de andar de bike, né?
E se além de prazer o seu rolezinho gerar energia limpa?


Já pensou nisso? Leia a reportagem abaixo e entenda um pouco mais.
Holanda, país famoso por suas bikes, agora tem mais um motivo para se orgulhar dasciclovias: um novo bloco inteligente que faz as vezes do asfalto é capaz de criar energia limpa a partir da captação de raios solares. Chamado de SolaRoad, o primeiro protótipo foi instalado na cidade de Krommenie, localizada a 25 km da capital Amsterdam e, com 70 metros de extensão, pode produzir energia suficiente para alimentar as casas de três famílias durante o ano.

O SolaRoad consiste em um módulo especial de concreto que é coberto por uma camada de vidro sueperresistente e células fotovoltaicas, que captam a energia do sol e a converte em eletricidade. Além de permitir uma extensão maior para a captação dos raios solares, a nova ciclovia não causa impactos na paisagem. A contrapartida é que os módulos no chão são até 30% menos eficientes que as placas solares instaladas nos telhados, devido à inclinação. A SolaRoad, segundo estudos, é capaz de produzir 50 quilowatts-hora por metro quadrado.

A iniciativa é da TNO, uma organização holandesa independente que promove a inovação. Por enquanto apenas 70 metros de ciclovia inteligente serão instalados, mas ideia é aumentar a extensão para 300 metros até 2016. O projeto tem um custo estimado de 3 milhões de euros.

solarroad1
solarroad2
solarroad3
solarroad4
solarroad5
solarroad6
solarroad7

Todas as fotos © SolaRoad

Fonte: Hypeness 
Mais informações »
Postagens mais antigas Página inicial