ESPAÇO PQ?

Iniciativas que reaproveitam espaços nas cidades

28 de setembro de 2014

Vixi, olha lá aquele trem parado!

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Calma pessoal, o trem não está quebrado, é apenas um dos projetos da prefeitura de Campinas, localizada no interior de São Paulo, que reutiliza trens e antigas estações, transformando-os em museus, centros de artesanato e espaços culturais.

Quer saber um pouco mais dessa história? Tome seu assento e venha com a gente viajar nesta estrada de boa ideia e criatividade por meio da leitura abaixo.


Estações de trem viram espaços culturais na RMC




Prefeituras apostam em adaptação para preservar espaços; alternativa foi adotada em ao menos 11 municípios da região.

Construídas entre o fim do século 19 e início do século 20, as estações de trem perderam espaço ao longo do tempo, na medida em que o transporte ferroviário de passageiros foi substituído por ônibus, carros e motos. Com algumas exceções, as estações da Região Metropolitana de Campinas (RMC) ganharam novas utilidades, e a maioria foi transformada em espaços culturais.



Em Americana, Artur Nogueira, Campinas, Hortolândia, Indaiatuba, Jaguariúna, Nova Odessa, Pedreira, Santa Bárbara d’Oeste e Valinhos, as estações abrigam museus, centros de artesanato e espaços culturais com biblioteca e auditório, entre outras atrações. Em Engenheiro Coelho e Paulínia, as estações servem como postos de saúde, enquanto cidades como Itatiba, Cosmópolis e Santo Antonio de Posse demoliram as antigas estações ferroviárias e enterraram parte de suas histórias.



O arquiteto e urbanista Marcos Tognon, especialista em conservação de patrimônio histórico-artístico e professor da Unicamp, vê com bons olhos a utilização das estações para outras atividades, mas ressalta que a revitalização deve ser feita com critério para não descaracterizar o imóvel. “Acho isso muito interessante, pode perfeitamente ser adequado. É uma alternativa para uso social importante, mas tem que ter cuidado. Tem que balancear esse novo espaço com a conservação do edifício. As estações têm espaços flexíveis e generosos, com portas amplas que facilitam a acessibilidade, pé direito alto e rampas”, analisa Tognon.



Para o especialista, apesar da iniciativa das prefeituras, ainda faltam políticas públicas que incentivem a utilização das estações ferroviárias. “Um bom exemplo é a Argentina, que fez um tombamento completo das estações ferroviárias e criou uma linha de financiamento específica para recuperar esse patrimônio e adaptar para novas ocupações”, acrescenta.



Hortolândia ganhará em breve o Centro de Memórias, que será instalada na antiga estação ferroviária. Com custo estimado de R$ 600 mil, as obras estão em fase final e o local será inaugurado dentro de no máximo três meses. O projeto arquitetônico prevê a restauração do espaço com a preservação das características originais da estação.

O piso cerâmico original foi mantido na maioria dos espaços internos. Além disso, em locais estratégicos, a estrutura subterrânea do prédio, como porões e pedras do alicerce, poderão ser visualizadas pelos visitantes do espaço, por meio de placas de vidro colocadas sobre o chão. Na reforma do prédio centenário houve também o restauro das madeiras originais utilizadas no telhado da Estação Ferroviária. Já as portas e janelas que foram trocadas são de madeira maciça, idênticas às da época em que a estação estava ativa. “Esta é a obra visual mais bonita da nossa cidade. Visitar este espaço é fazer uma viagem no tempo”, afirma o prefeito Antonio Meira (PT).

O Centro de Memória terá espaço para exposição e eventos, videoteca, biblioteca, café e um terminal de consulta digital do acervo, além de fotos e objetos antigos. Em Santa Bárbara d’Oeste, a Estação Cultural conta com auditório com capacidade para 200 pessoas, palco, camarim e mezanino, que são utilizados para shows e apresentações teatrais, além de midiateca e uma biblioteca temática sobre a ferrovia. Além da revitalização dos antigos edifícios, foi construído também um prédio anexo que possui um cyber café e uma livraria. A estação é administrada pela Fundação Romi.

Há cerca de dez anos, Indaiatuba implantou o Museu Ferroviário, que conta com aproximadamente 400 objetos em seu acervo, todos identificados e registrados. O local é administrado pela Fundação Indaiatubana de Educação e Cultura (Fiec) e recebe em média 7 mil visitas ao ano.

Para o diretor do curso de Turismo da PUC-Campinas, Marcelo Adhemar Perez Lopes, a iniciativa de transformar as estações ferroviárias em espaço de cultura é importante para preservar a história dos municípios e ser uma opção de lazer, principalmente para os mais jovens. “As estações viraram patrimônio histórico após o sucateamento dos trens. Do ponto de vista do turismo não deixa de ser interessante, além de poder recuperar esse patrimônio”, destaca Lopes.

Nova Odessa prevê inauguração de centro no fim do mês A mais recente transformação de estação ferroviária em espaço de cultura e lazer anunciada na RMC é a Estação de Pombal, em Nova Odessa. O local contará com espaços para exposições, sala de projeção de filmes fora do circuito comercial, biblioteca, centro de informações turísticas e artísticas, entre outras atividades. O prefeito Benjamin Vieira de Souza, o Bill (PSDB), se reuniu no início de fevereiro com representantes da Superintendência do Patrimônio da União em São Paulo e assinou o termo de aditamento de cessão provisória sob regime de utilização gratuita da Estação Ferroviária.

A inauguração do espaço está marcada para o dia 26 de abril, e servirá inicialmente como um palco para eventos, tanto públicos quanto realizados em parceria com a iniciativa A população de Nova Odessa aprova a ação da Prefeitura. “É legal a iniciativa, porque a estação estava feia, quebrada, toda pichada.

Acho que vai dar uma valorizada no Centro”, afirma a telefonista Jéssima Lima, de 22 anos.

O desempregado Antonio Euzébio, de 55 anos, mora em São Paulo e passa férias na casa do irmão. Mesmo sem morar no município, elogia a medida e lembra com nostalgia da época em que circulava de trem pelo interior. “Acho ótimo, porque é muito triste ver uma estação abandonada. Lembro quando usava o trem. Pegava em São Paulo, passava por Campinas e ia até Santa Fé do Sul. Era um transporte muito gostoso”, relata.

Fonte: Correio Popular

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